[exposição individual]

Clareira


Brasília, 2024 | Museu Nacional da República Oscar Niemeyer

Texto curatorial por Denise Mattar

Clareira

Luiza Gottschalk viveu em uma floresta quando criança e afirma com convicção: "Essa floresta ainda mora dentro de mim". A compreensão dessa vivência aclara o processo de trabalho que permeia a obra artista, que busca resgatar a natureza mágica da arte.

Na sua origem, e até hoje, em culturas que não abandonaram o lastro com a natureza, arte e vida não são separadas, e integram sabores, simbologias e metáforas inerentes às cores, sons, sabores, texturas e odores que a terra nos oferece. Kandinsky, em seu livro O Espiritual na Arte, afirma: "não se vê uma pintura apenas com os olhos, mas com os cinco sentidos. E, é nesse imbricamento entre arte, vida, magia e sensorialidade que está a proposta de Luiza.

"Clareira" foi elaborada para o Museu. Nacional da República reunindo pinturas recentes da artista, paralelamente a uma proposta de desconstrução do espaço expositivo tradicional. Aqui cada um é convidado a se sentar na clareira criada por folhas aromáticas, coletadas por Luiza na floresta que vivia em sua infância, e trazidas por ela para cá.

Aqui você é convocado a Ser e Estar, a sentir a "floresta", na qual se superpõem cores, transparências, formas obscuras, pinturas nas quais há imagens entrevistas, figuras que não se definem com clareza, esgueirando-se ente veladuras, texturas e volteios. Nesse espaço aberto à sensação, nessa profusão de matizes e colorações, a artista faz a você - que está aqui agora - uma inquietante pergunta: "Você é que está olhando a floresta?

Ou será ela que te olha?".